Abram Alas a Melvin Santhana

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Oprê !

Aloysio Letra retornando do carnaval sem ressaca e abrindo alas para outra entrevista aqui no blog do NEGRUME.

O entrevistado de hoje é o cantor, ator, compositor e músico Melvin Santhana. Tive o prazer de conhecê-lo em 2015 nos bastidores da peça “Luz Negra” da Cia Pessoal do Faroeste, onde pude figurar como assistente de direção e continuísta. Hoje tenho prazer de trabalhar com ele no grupo musical do Bloco Afro Afirmativo Ilú Inã. Axé irmão !

Melvin é um músico atento, dedicado a diversos instrumentos e pesquisa de timbres. Músico de mais de 20 anos de carreira, Melvin recém lançou seu trabalho autoral intitulado “Abre Alas”. O trabalho ecoa mpb, pop, sambas, ijexás, trap e rap, contando com várias participações de artistas negros da atualidade como Tássia Reis, Dani Nega , entre outros.

Eu não paro de ouvir o “Abre Alas” no Spotify, em especial a pulsante “Alaafin de Oyó”, a critica social  de “Nascimento” e a pesada “Então Jazz”, minhas favoritas ! A música de trabalho e do primeiro video-clipe é “Nascimento”, clipe que você pode conferir aqui. 🙂

Vamos a entrevista com o grande músico Melvin Santhana !

FOTO IMPRENSA - GAL OPPIDO.jpg

Negrume: Qual a motivação para o nome do trabalho “Abre Alas” ?
Melvin Santhana: Eu tenho uma ligação muito forte com o Carnaval e seus símbolos. Abre Alas remete justamente ao primeiro carro de uma escola de samba adentrando a avenida. o carro que abre o caminho para a escola. E esse momento novo da minha carreira, momento de transição, de buscar novos caminhos, me fez colocar o nome do disco de Abre Alas.
Negrume: Você é um artista de grande trajetória. Mais de 20 anos de música, participou de bandas e coletivos. A sua carreira solo é uma ruptura com essa trajetória ou uma continuidade dela?
Melvin Santhana: Eu vejo como uma continuidade. Eu não tenho o hábito de romper necessariamente com os caminhos do passado. Eu penso nos caminhos do passado como uma espécie de liga, uma espécie de passagem para novos trajetos. Então é dessa forma que eu enxergo. É um momento de transição. É um caminho novo mas ele começou em um momento que não agora. Estou dando continuidade a um desejo e uma ação do passado. É desta forma que eu vejo após 20 anos de trabalho: em um caminho de continuidade.
Negrume: Percebe-se em seu trabalho citações e alusões a narrativas dos orixás do candomblé. Como você enxerga adoção ou citação destas cosmovisões na indústria cultural do pop negro contemporâneo?
Melvin Santhana: Nós vivemos em uma sociedade, em se tratando do Brasil principalmente, em que o tempo todo somos bombardeados por signos de várias religiões, de vários segmentos espirituais ou seitas e filosofias ocultas. Muita gente tem conhecimento disso e muita gente não tem conhecimento disso.
Eu exploro isso dentro da minha musicalidade, expressando para o mundo de forma industrial, mercadológica, apenas como um resultado final do que eu criei. Mas isso não é feito intencionalmente. Não necessariamente eu penso nisso como forma de simbologia mercadológica dentro da obra que eu faço.
Como é legítimo, é o que eu vivo e o que eu cultuo, eu não vejo isso como um problema, já que eu não estou oferecendo isso como uma possibilidade mercadológica, de apropriação. Não tem uma profundidade externa. Existe sim, uma profundidade da minha pesquisa com relação a isso.
Talvez a possibilidade e o desejo seja: a curiosidade para o respeito e entendimento desta cultura que me fortalece, nada além disso.
Negrume: Qual sua canção preferida do novo trabalho ? Porque?
Melvin Santhana: Eu não chamaria de canção de preferia, mas sim canção especial.
“Abre Alas” que é a música título do disco porque foi uma canção pensada para expressar o que eu poderia deixar ou uma possibilidade de acalanto e de conforto para o meu filho, caso eu não esteja presente em alguma situação adversa. Pensando nisso, esse áudio-pergaminho que eu considero “Abre Alas” é a canção mais especial pra mim, mas não colocaria como preferida.
Negrume: As participações especiais do disco são muito pulsantes. Poderia comentar um pouco sobre cada uma?

Melvin Santhana: Eu retrato nesse disco a minha vivência e poder ter a contribuição de vários parceiros e várias parceiras só dá legitimidade à minha vivência no meu cotidiano. Todas as parcerias tem uma relação direta com a palavra. Talvez com exceção dos produtores: Manassés Nóbrega, Rodrigo Locaut e Nelson-D (beatmakers). Mas todas as outras participações Dani Nega, As Capulanas, Biel Lima, Dj KL Jay, Tatiana Nascimento, Tássia Reis, lidam com a canção e com as palavras.

Poder trazer a personalidade e a característica de cada artista dentro deste trabalho, só fortalece a condição de que não há a possibilidade de vivência sem parceria. Andar sozinho não é um lema pra mim.
melvin-santhana
 Saravá Melvin !

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